sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Sons de violino

Os sons do violino ora soam como paz e certa melancolia mas que escondem por trás de uma possibilidade fria e rígida, un enxame de alucinações delirantes e por tal, tão artísticas quanto uma mente pode absorver, quanto uma loucura pode se esconder dos demais. Com os olhos semi cerrados ele prestou atenção no horizonte que via longe, e sem buscar um fim ele se guiou pela imaginação do que teria sem pensar se existia ou não. Percebeu a habilidade da capacidade do devaneio e logo se viu contente e também ausente, e presente no seu espírito se recolheu. Abraçou-se a si próprio e ali viu o semblante de uma completude momentânea e transitória mas que o amparava e trazia um certo calor, uma certa fricção da ponta de seus dedos. Uma energia ruidosa que o lentamente esvaziava mas que ao mesmo tempo o enchia de sentimentos tantos tais que se ordenavam sem organização e sem muito tempo há ficar. Em sua ponta de vontade ele transmitia as necessidades que na verdade eram-lhe transmitidas mas manipuladas para um bem estar. Que no momento da procura se sabe que não se chegará no que se quer mas ao mesmo tempo ali está a gargalhada dos desejos e das faltas. Manipulando-se à crítica do pensamento racional, entregou-se. E fez da crítica, uma crítica, ruidosa e implacável mas certamente com sentido, elaborado, destemido, fugaz na compreensão de que nada há de compreender, nem o som do violino que lhe vem a suspender, de um chão sem piso, numa parede sem recados, e num teto de infinitas cores, de texturas, de visões e de delírios, de alucinações de momentos implacáveis de um ser que se ausenta do presente amparado e se deixa levar, num tom de violinos para outro lugar... longe daqui... sem nunca cá ter de deixar.

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